Argilominerais magnesianos do Pré-sal: caracterização, gênese e modelo deposicional no andar Alagoas da Bacia de Santos, Brasil
Sinopse
Na Bacia de Santos, a ocorrência dos argilominerais magnesianos no Andar Alagoas, associados aos depósitos carbonáticos, é reconhecida desde os primeiros poços exploratórios perfurados no Pré-sal. Os estudos desenvolvidos até o momento mostram que os níveis argilosos são heterogêneos e apresentam variações quanto às espécies de argilominerais, às texturas, às litofácies e ao conteúdo de argilominerais nas rochas carbonáticas. Os argilominerais magnesianos identificados no Andar Alagoas são: kerolita, estevensita, saponita, sepiolita e interestratificado kerolita-esmectita. As principais texturas dos argilominerais são: maciça, laminada, granular, intraclástica e coating. Devido as suas características texturais, a kerolita, a estevensita e a sepiolita são interpretadas como autigênicas por neoformação, enquanto a saponita, devido a sua textura e associação mineralógica com minerais detríticos na fração silte, é interpretada como autigênica por transformação. Em termos petroelásticos, os argilominerais apresentam valores de razão de Poisson próximos aos valores da calcita e da dolomita, o que dificulta a diferenciação em dados sísmicos de rochas carbonáticas porosas e argilosas por esse atributo, que é utilizado classicamente no reconhecimento de reservatórios siliciclásticos. A integração dos dados adquiridos nesse estudo, incluindo caracterização mineralógica e química, análises sedimentológicas e estratigráficas, análise de atributos e geometrias sísmicas e a comparação com contextos deposicionais de argilominerais magnesianos apresentados na literatura permitiram o reconhecimento dos seguintes controles paleomorfológicos deposicionais dos intervalos com argilominerais magnesianos do Pré-sal: a) áreas protegidas no interior da plataforma carbonática, favoráveis à deposição de fácies carbonáticas in situ de baixa energia, como esferulititos, estromatolitos arbustiformes e laminitos, com argilomine- rais magnesianos neoformados. Em períodos de maior umidade e/ou em regiões relativamente mais fundas, ocorrem carbonatos transportados com intraclastos de argilominerais magne- sianos e depósitos de esferulititos com matriz de lamito e laminitos com níveis de minerais detríticos na fração silte com argilominerais autigênicos por transformação e detríticos; b) rampa íngreme/talude, com inclinação maior que 2 graus, na porção intermediária a distal, com predomínio de carbonatos transportados com intraclastos de argilominerais magnesianos, formando depósitos clásticos de moderada energia, nos quais processos de retrabalhamento predominam. Fácies carbonáticas in situ com argilominerais autigênicos por transformação e decantados se formam em contexto de baixa energia; c) rampa/talude de baixa declividade, menor que 2 graus, na porção intermediária a distal, onde se depositam predominantemente fácies carbonáticas in situ de baixa energia, com argilominerais magnesianos neoformados e secundariamente carbonatos retrabalhados com intraclastos de argilominerais magnesianos.