Estratigrafia e modelos deposicionais carbonáticos do Pré-sal da Bacia de Santos

Autores

Carlos César de Araújo, Petrobras, Rio de Janeiro, Brasil; Paulo Augusto Moretti Júnior, Petrobras; Vanessa Madrucci, Petrobras; Reynaldo Pires da Silva Filho, Petrobras; Adali Ricardo Spadini; Monique Mettraux, GeosolutionsTRD; Peter Homewood, GeosolutionsTRD; Camila Wense Ramnani, Petrobras

Sinopse

Campos gigantes e supergigantes de alta produtividade na seção Pré-sal da Bacia de Santos são constituídos predominantemente por fácies carbonáticas lacustres e selados por espessa camada de evaporitos. Estas fácies são aqui descritas e interpretadas com base em dados de subsuperfície, adquiridos a partir da perfuração de centenas de poços e imageamento sísmico em mais de uma década de exploração e produção. Depósitos bioclásticos de moluscos bivalves do Barremiano/Aptiano, denominados coquinas do andar local Jiquiá, ocorrem sobre blocos altos falhados, formados durante a tectônica rifte, em morfologias herdadas do embasamento, intercalados com fácies ricas em matéria orgânica em camadas conformantes contínuas nos baixos adjacentes, em ambiente de água doce a salobra. As rochas carbonáticas do Aptiano, andar local Alagoas, são depósitos autóctones bioquímicos representados por laminitos e arbustos fasciculares (estromatolitos) que se depositaram em condições alcalinas, sobre altos herdados do embasamento e em contexto de subsidência térmica flexural com menor influência de falhas. Sua gênese está relacionada à influência microbiana e aos processos abióticos responsáveis pela deposição de camadas de carbonatos com centenas de metros de espessura. As morfologias carbonáticas clássicas de plataformas de topo plano, plataformas anelares com bordas proeminentes, plataformas em rampa e construções isoladas são reconhecidas nos andares Jiquiá e Alagoas. Neste contexto, processos físicos controlaram a sedimentação das conchas de moluscos, gerando os reservatórios do Jiquiá, enquanto processos ecológicos/organoquímicos controlaram a sedimentação Alagoas. Em termos de preenchimento deposicional, os padrões de empilhamento de fácies variam de acordo com as arquiteturas deposicionais, assim as acumulações bioclásticas Jiquiá apresentam padrões progradacionais em direção as áreas com espaço de acomodação remanescente, enquanto as construções isoladas (buildups) do Alagoas apresentam empilhamentos espessos transgressivos, assim como ocorre nas rampas íngremes. As rampas suaves e plataformas internas apresentam espessos pacotes de fácies autóctones acumuladas em padrão agradacional e regressivo. Conclui-se que estas características permitem o uso do clássico conceito de fábrica carbonática em zonas fóticas e rasas, conceito aplicado a ambiente marinho, para explicar a sedimentação em ambiente continental lacustre, e cujas principais evidências são as dimensões e as formas das plataformas, seu padrão de evolução e sua relação com as fábricas carbonáticas dos andares Jiquiá e Alagoas.

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Publicado

20/05/2024

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