O Pré-sal Lato Sensu nas bacias da Margem Continental Leste brasileira
Sinopse
Em virtude das grandes descobertas na Bacia de Santos, o termo “Pré-sal” se tornou um jargão usado pela sociedade brasileira desde 2007. Na comunidade das geociências, em escolas e simpósios, é frequente a menção a um Pré-sal mais antigo, que se mistura com a história da geologia do petróleo e do Brasil. A trilha desta jornada se inicia ainda nos primeiros levantamentos de campo (século XIX), quando foram identificadas potenciais rochas geradoras de hidrocarbonetos, reservatórios e estruturas dômicas no estado de Alagoas, berço de ideias na margem continental leste brasileira. A experiência do Conselho Nacional do Petróleo, em meados do século XX, levou à perfuração dos primeiros poços apoiados por levantamentos geofísicos, que resultaram no primeiro sucesso geológico em reservatórios siliciclásticos aptianos, indicativo de sistema petrolífero ativo, novamente no estado de Alagoas. Em 1953, a criação da Petrobras definiu uma nova etapa e foi mais uma vez na Bacia de Sergipe-Alagoas, no final da década de 1950 e início da década de 1960, onde ocorreram os primeiros sucessos comerciais tão expressivos quanto o primeiro campo terrestre gigante nesse alvo. A aplicação desse aprendizado exploratório resultou em descobertas na seção terrestre da Bacia do Espírito Santo. O sucesso e a experiência acumulados ecoaram na majestosa fronteira exploratória da Bacia de Campos, coroada pela descoberta de óleo em reservatórios de mesma idade, porém carbonáticos (coquinas). No final de 1970, poços exploratórios que buscavam as coquinas atravessaram, pela primeira vez, calcários organo-químicos aptianos sobrepostos, pouco mais jovens, que aparentemente não tinham potencial. No decorrer dos anos 1980 a 1990, alvos aptianos foram testados com êxito nas bacias de Sergipe-Alagoas, Jequitinhonha, Mucuri, Espírito Santo e Campos; sem êxito em Camamu, Almada e Cumuruxatiba. A essa fase mais antiga da exploração sugerimos a alcunha de Pré-sal Árcade. No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em virtude da ousadia e criatividade da equipe de exploração da Bacia de Campos, os calcários organo-químicos foram revisitados. Passo a passo, a desmistificação dos elementos e processos de sistemas petrolíferos associados a essas rochas culminou em um novo alvo exploratório de grande potencial ainda na primeira metade dos anos 2000, que se provou real nos anos seguintes. Nesse sentido, o aprendizado nas bacias nordestinas e capixabas alimentou o conhecimento da fluminense, que proveu o da Bacia de Santos, que, por sua vez, retornou a Campos. A essa fase de amadurecimento, acelerada pela identificação dos calcários organo-químicos, propomos a denominação Pré-sal Moderno, com grande destaque para a a Bacia de Campos. A última etapa, com a descoberta de campos petrolíferos supergigantes e gigantes em calcários aptianos nas bacias de Santos e Campos, recomendamos o epíteto “Pré-sal Contemporâneo”. Essas três fases compõem uma história cuja integração aludimos ao termo “Pré-sal Lato Sensu”.